«A falta que um rosto faz...Imaginação do possível» - Adelino Ascenso

 


Inspirados no livro de D. António Couto «Leitura do Tempo em que Vamos», os IMAG e os ANIMAG, em parceria com as OMP, realizaram, como é do vosso conhecimento, durante o mês de outubro, um ciclo de cinco conferências missionárias online sob o tema genérico «A falta que um rosto faz!»
Dom António Couto deu início ao ciclo, com a sua conferência «de “eu” para “eis-me”». A responsabilidade pelo outro e a missão como «a Igreja a fazer-se». O ciclo prosseguiu com a autora e encenadora Matilde Trocado, com as «expressões da proximidade» da arte, aquela ferramenta que é sempre um encontro com o inexplicável sublime, uma forma de tocar o transcendente. A terceira conferência esteve a cargo de Rita Valadas, que nos colocou «o outro diante de mim», rostos interpeladores, que remetem para a obra que cada um representa. Juan Ambrosio guiou-nos por formas de «desmascarar a missão», neste tempo de máscaras (as visíveis e as invisíveis). A descoberta da cor dos olhos de Deus a partir do encontro com os olhos do outro, que vive na periferia, lugar teológico da Igreja. Finalmente, o ciclo encerrou com «as palavras da missão», conferência proferida pelo cardeal Dom José Tolentino de Mendonça. Gratidão, conversão missionária, reflexão e aprofundamento teológico e espiritual. O rosto como centro ético do mundo (E. Lévinas) e como chave para a dimensão missionária. Nestes tempos dolorosos e ricos, «que fazer?». Pergunta aberta, conscientes de que a pandemia é terra de missão. A pandemia como terra de missão. Este é tempo de atenção e escuta da realidade, mas sempre com os olhos do coração postos mais além, para lá do horizonte. Não podemos fazer outra coisa senão colocarmo-nos em atitude de genuína escuta: permitirmos que o silêncio nos afague, nos envolva e nos fale. Devemos viver na tensão de responder às realidades imediatas, numa solidariedade sem muros, mas olhando sempre para mais longe. Um arqueiro, quando atira uma flecha, não olha para a flecha nem para o arco, mas sim para o alvo. É para o alvo que os nossos olhos interiores devem apontar. Para acertar no alvo, porém, o arqueiro terá passado por longa preparação. Este exercício prévio vive-se na realidade da partilha e da hospitalidade. Só com esse ponto de partida bem alicerçado poderemos apontar para o alto e para o infinito; de contrário, seremos fogo fátuo. Escutemos o nosso coração e escutemos a voz do coração do outro, para que, nessa sintonia de corações, valorizemos o humano na sua inteireza e, assim, possamos encontrar-nos com o divino. A inquietude que nos afeta tem sabor de novidade ainda desconhecida: aquela premonição de que algo está ainda para acontecer, como estando nós a tatear um terreno missionário inóspito por lavrar. «Este é o tempo propício para nos animarmos a uma nova imaginação do possível com o realismo que só o Evangelho nos pode proporcionar», adverte o Papa Francisco. Não será nesta nova imaginação do possível que exalaremos a nossa identidade de «missão»? Não será esse o nosso terreno fértil? Nesta mudança de época, ao encontro do desconhecido, somos impelidos a ler o futuro na realidade que se nos apresenta, onde a solidão e a fome nos desafiam à dádiva de nós mesmos e ao avivar do dom da esperança; a sermos sinal de proximidade nesta circunstância de distanciamento social; a reaprendermos a valorização dos pequenos gestos, incutindo-lhes intensidade e ternura, em busca de «uma nova imaginação do possível». Com base naquilo que foi refletido ao longo do mês de outubro, com a ajuda das palavras destes cinco conferencistas, e tendo como fio condutor essa «imaginação do possível», dois temas para reflexão: 1. No encontro com o rosto do outro e na responsabilidade que isso envolve (cf. Levinas), quais são os maiores obstáculos com os quais nos deparamos? Depois de avaliar os diversos obstáculos, cada grupo deve apresentar apenas um dos obstáculos: aquele que reúna mais consenso no grupo. 2. Partindo da afirmação de que a pandemia é terra de missão, o que é que, concretamente, nos é requerido – missionárias e missionários –, para que possamos verdadeiramente lavrar essa terra? Depois de avaliar as diversas sugestões, cada grupo deve apresentar apenas uma proposta: aquela que reúna mais consenso no grupo. Muito obrigado pela vossa colaboração,

Adelino Ascenso

Presidente dos IMAG

Poderá ver e ouvir a conferência missionária de Adelino Ascenso 

Conferência Missionária PLENÁRIO - 5 novembro 2020

https://youtu.be/7Tk8OmErOBw

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